Christopher Lambert despontou na Copinha de 2015, ao lado de astro, e hoje leva vida anônima na periferia de SP: "Geralmente eu nem conto (que foi jogador) para evitar a decepção da pessoa"
Por Redação do ge — São Paulo
Revelados nas categorias de base do Palmeiras em 2015 e considerados duas joias do clube, Gabriel Jesus e Christopher Lambert tomaram rumos completamente diferentes na carreira.
Nove anos depois de dividirem a artilharia do Palmeiras na Copinha de 2015, com cinco gols cada, e estamparem os noticiários, um se tornou o centroavante da seleção brasileira em duas Copas do Mundo e brilha no futebol inglês, enquanto o outro trabalha dia e noite em um ferro-velho em Itaquaquecetuba, cidade periférica de São Paulo.
Aos 29 anos, Christopher Lambert teve o destino de muitos garotos que despontam como grandes promessas, mas não conseguem se manter no futebol de alto nível. Depois da ascensão meteórica na Copinha, ele renovou contrato e se juntou aos profissionais do Verdão.
– Depois daquela Copinha ficamos um tempo no profissional e acabei sendo vendido para a Grécia – relembrou Christopher, em entrevista ao Esporte Espetacular (veja no vídeo acima).
A partir daí, Christopher acumulou transferências para polos periféricos do futebol europeu: Albânia, Georgia e Chipre. De volta ao Brasil anos depois, defendeu Tupi-MG, América de Teófilo Otoni e Samambaia-DF. Neste último, viveu a maior decepção da carreira.
– Em Brasília, no meu último clube, quando acabou o campeonato a gente descobriu que nossa linha defensiva, o goleiro, vendia os jogos – contou Christopher Lambert, que carrega o mesmo nome do ator americano protagonista do filme Highlander.
Com as dificuldades no futebol e longe da família, Christopher resolveu largar a profissão que teve a vida toda para um recomeço em Itaquaquecetuba. Primeiro, a ex-promessa palmeirense foi motorista. Há pouco mais de um ano, ele abriu um ferro-velho e garante conhecer tudo dos materiais que manuseia.
O período glorioso na base do Palmeiras ficou como "uma lembrança boa", nas palavras dele. Falar sobre o passado? Melhor evitar.
– Geralmente eu nem conto para evitar esse transtorno e essa decepção que vem da pessoa: "Ah, mas era para você estar lá, você jogava mais do que ele". Sempre tem alguém. Então eu prefiro não comentar – disse.
Agora, o futebol em sua vida se limita aos jogos de várzea. É de lá que ele também tira parte do sustento da família e também se sente feliz.
– É um conforto, é um porto seguro para mim. Atualmente eu pago minha pensão com o dinheiro da várzea – finalizou.